Ozzy Osbourne escrito no DNA

Com o tema já pré-definido, sai a notícia bombástica, Ozzy Osbourne tem seu genoma mapeado! E nada melhor para um programa na véspera de hallowen do que falar do príncipe das trevas, o grande Ozzy!

Pra iniciar a conversa, faz-se a pergunta, “o que é o genoma?”. Bom o genoma é o conjunto da informação hereditária de um organismo, ou seja, o seu conjunto de DNA, que como é de conhecimento geral, define suas características. Ele é herdado dos pais, sendo que metade vem da mãe e a outra metade do pai. Porém, as características de um ser não são apenas definidas pelo DNA, pois o ambiente onde este ser vive também influência em suas características gerais.

Agora, “por que” o Ozzy quis ter seu DNA mapeado? Há um grande movimento para o mapeamento do DNA de diferentes pessoas, a fim de haver um estudo sobre doenças hereditárias, características comportamentais e outras! E claro, como não faremos estudos controlados com humanos, faz-se o estudo genético dos extremos, para conhecer um pouco mais do assunto. E nada mais extremo do que o próprio Ozzy, que passou grande parte da vida, usando substâncias ilícitas e abusando muito de bebidas alcoólicas, e ainda sobreviveu!

Claro que este assunto é um pouco polêmico, há diversos céticos, que contestam que o DNA possa influenciar no comportamento dos seres, porém há estudos que já datam de muito tempo e descrevem certos tipos de genes relacionados com certos comportamentos. Hoje em dia, já temos conhecimento de vários desses genes.

Tudo começou com as primeiras propostas de mapear o genoma humano em 1985, quando um grupo de cientistas decidiu detectar mutações nos homens. Nisto foi criado o “Projeto Genoma Humano”, que faz parte de um financiamento público. Um pouco mais tarde Craig Venter funda a Celera Genomics financiada por empresas particulares, que algum tempo depois veio a público anunciando ter mapeado 100% do genoma humano, usando inclusive informações do projeto Genoma Humano.

Hoje em dia é conhecido o genoma de cerca de 33 espécies, mostrando inclusive nossa semelhança genética, resultante da evolução. E claro, como é de se esperar, o preço para o seqüenciamento dos genes caiu, estando em torno de 50 mil dólares.

A empresa responsável pelo mistério genético do Ozzy é a Knome, cujos objetivos não incluem apenas gerar e observar as seqüências genéticas, mas correlacionar essas seqüências com suas características. O que de todo trabalho é o mais difícil. Uma coisa interessante é que no portal da Scientific American há a notícia bem destacada de que Osbourne teria fragmentos de genes de Neaderthal, uma espécie relacionada com o Homo Sapiens. Embora este fosse o mote que a mídia em geral utilizou para tratar do assunto, com o sequenciamento do genoma dos neandertais nos últimos meses sabemos que traços de seu DNA estão em várias populações humanas, especialmente em europeus e asiáticos. Para se ter uma idéia, o próprio fundador da Knome tem três vezes mais a quantidade destes fragmentos do que o Ozzy. Mapeando seu genoma, descobriram parentes distantes como moradores da antiga Pompéia, cidade do império romano e um Czar russo.

Alguns aspectos do comportamento de Ozzy também puderam ser observados nesta análise preliminar. Por exemplo, uma variação no mínimo interessante que o faz ter seis vezes mais propensão ao vício do álcool, explicando a lenda das “quatro garrafas de conhaque” que Ozzy diz ter tomado por dia, talvez até possibilitado por outra mutação de seu gene que faz seu corpo metabolizar o álcool mais rápido do que a média da população. Outra parte interessante que ele tem também uma menor propensão ao vício de cigarro e heroína, explicando porque ele largou primeiro o tabaco do que o álcool.

A genética é um ramo que está crescendo agora e futuramente com certeza ela estará acessível a todos, assim como testes de paternidade são hoje. O Brasil realiza estudos de genoma de espécies, e todo o globo também. O próprio governo americano já tem planos para abaixar o preço do mapeamento genético, o que nos ajudará e muito em prevenção de doenças, vícios ou a longevidade da vida como a Dercy? Brincadeiras a parte, a genética ainda há de crescer muito, e certamente contribuirá bastante para o futuro da humanidade.

Luís Fernando Lima Fernandes

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